I
Não és navegador mas emigrante
Legítimo português de novecentos Levaste contigo os teus e levaste Sonhos fúrias trabalhos e saudade; Moraste dia por dia a tua ausência No mais profundo fundo das profundas Cavernas altas onde o estar se esconde
II
E agora chega a notícia que morreste
E algo se desloca em nossa vida
III
Há muito estavas longe
Mas vinham cartas poemas notícias E pensávamos que sempre voltarias Enquanto amigos teus aqui te esperassem – |
E assim às vezes chegavas da terra estrangeira
Não como filho pródigo mas como irmão prudente E ríamos e falávamos em redor da mesa E tiniam talheres loiças vidros Como se tudo na chegada se alegrasse Trazias contigo um certo ar de capitão de tempestades — Grandioso vencedor e tão amargo vencido – E havia uma veemente emoção em tua grave amizade E em redor da mesa celebrávamos a festa Do instante que brilhava entre frutos e rostos
IV
E agora chega a notícia que morreste
A morte vem como nenhuma carta
Sophia de Mello Breyner Andresen (1989)
|
Bela e merecida homenagem! abraços,chica
ResponderEliminarBoa noite Xico, a grande e bela Sophia, está no lugar que merece!
ResponderEliminarBjs
Ailime
Uma boa escolha para este dia de Sophia.
ResponderEliminarDeixo-te aqui um poema de que gosto muito.
Porque
Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.
Linda poesia, mostra bravura de um povo que por mares descobriu muito belezas.
ResponderEliminarTenha um ótimo fim de semana.
Olá, espero que estejam bem por ai. Aqui reina o frio e as chuvas, depois de uma grande seca ela veio fazendo estragos. Mas é sempre bem vinda. Estou te enviando uma brincadeira, recebi um tag e tinha que indicar nomes de amigos, escolhi por ser irreverente e cheio de belas ideias. Fique a vontade quanto a aceitar.
ResponderEliminarTenha uma ótimo dia.
http://livingonfarm.blogspot.com.br/2014/07/blog-post.html
Olá Xico!
ResponderEliminarUma merecida homenagem a Sophia.
Deixarei aqui o único poema dela que sei de cor:
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo.
Não tarda muito, estarei de volta.
Um abraço.