quinta-feira, 10 de outubro de 2019

FALA COMIGO, VÁ LÁ...

Há tanto que nada de ti sabia, perdi a minha cadela mais os filhos que eram dela e por ti chorei também, não que eu faça parte de alguém, mesmo tendo coraçao, serei sempre um pobre cão, e por tal considerado, escondes as minhas falas, apenas ladro e só tu me entendias. Agora, vens neste estado, mais miserável que eu...valha-me nosso senhor, neste sincero clamor, que foi um ar que lhe deu. Vens como eu já fui, escanzelado, rôto, esfomeado, verdadeiro maltrapilho desse mundo que viveste, tu que te tinhas por fidalgo, olha agora para ti, no tambor de um rançoso barril, a escrever às escuras, talvez para não sentires o peso da alma, aquela coisa que mete medo e pior, respeito. Talvez venhas para ficar, não sei, tu não falas, mas afinal o que tens?  Voltei se por aqui me quiseres, recomeçar havendo tempo, sentir o uivar do vento, aquela gritaria na serra e voltarmos a viver...