quinta-feira, 28 de maio de 2015

Transumância


O termo e originario do latim, e combina as palavras "trans", que significa alem, ou atraves, e "humus", equivalente a solo, terreno, pastagem.


Havia chegado o tempo de largar o rebanho, os fortes muros das serranias que me acoitavam tal como a outros aprendizes de pastores que por ali andavam por obrigados, mas lhes foram respeitando, ainda mais agora.
Tanta historia contada no sibilar do vento dos pinheiros, noite adentro, a maior parte das vezes para espantar o medo dos bichos e por tal falarmos em voz alta, como se estivessemos a leguas de distancia...
Doce o canto das madrugadoras cotovias, aquelas de poupa que rivalizavam com o balir do cabritito acabado de nascer, embalado pelo frenetico correr do ribeiro proximo para o moinho abaixo.
Entretanto a manha do ultimo dia ia alta, ou o sol subia ou a terra descia, mas o comboio iria a direito e em terra firme para a capital. E eu nele!



Sem silvas nem penedos, sem o piar da coruja nem o uivar do lobo, as altas penedias se haviam transformado em monstros de cimento e vidro.
O cantar dos grilos, jamais aqui seriam ouvidos, nem o berrar das vacas, aqui sufragados pelos carros que buzinavam, em festa ou desespero.
Mas no centro de Lisboa(1976), Sto. Antonio, qual policia sinaleiro (mais tarde vim a saber o que isso era...), recomendava calma e prudencia, vinha ali um rebanho... 




Cumplicente agora penso, na mensagem de que o mundo a seu modo, tem muito de igual...

6 comentários:

  1. Olá Xico...
    Bonitas fotos e o texto nos traz boa reflexão... O deixar para trás tempos preciosos e cheios de experiências... Um novo tempo e novos aprendizados...
    Amo as ovelhinhas, rebanhos...
    Gostei do seu comentário por lá... O maridão envia um abraço... Como ele gosta de azeite! Rsss... No pão, no bolinho de bacalhau, na pizza...
    Abraços

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  2. Um texto delicioso onde a modernidade se mistura no antigamente que afinal não muda tanto assim.

    Beijo

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  3. Que maravilha te ler,Xico! Reflexivas tuas palavras... deixar pra trás pode doer... abraços,chica

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  4. Eu que vivi ali ao pé, não sabia que por ali passavam rebanhos na década de 70 do séc. XX. Sempre a aprender. Aliás, é a deambular por outras paragens que aprendi outras coisas mais. Por exemplo, quando cheguei a Lisboa percebi que o pão não é de centeio, toda a gente fala de pão, mas é trigo ("pão" para mim era "centeio" e "trigo" era trigo).
    Era o sino e o relógio a dar horas que não ouvia. A falta da fogueira no Inverno. Na juventude, quando cheguei a Lisboa, isto fez-me cá uma confusão…
    Mas os animais dão-nos grandes lições de vida também, é facto. Ajudam os filhos, até dão a vida por eles se necessário, mas quando chega a altura de saírem do ninho, têm de se governar. Estou a lembrar-me dos melros.
    Quanto às ovelhas, não deixa de ser curioso que hoje há poucos rebanhos, mas por todo o lado há pastos com abundância, principalmente quando o tempo é mais húmido. Já noutros tempos em que havia mais rebanhos e as terras eram destinadas ao cultivo, os rebanhos tinham de se deslocar para a Serra da Estrela ou de Montemuro, onde a erva crescia durante todo o ano. Dava-se a estas deslocações o nome de transumância. Presentemente estão os campos abandonados, os rebanhos "governam-se" bem sem sair da terra, mas já as pessoas...são quem procuram longe, mais no litoral ou mesmo no estrangeiro o seu sustento e dos seus!
    Um excelente artigo a lembrar o antigo, mas muito actual. Parabéns Xico.

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  5. Adorei as fotos. Belíssimas!
    Muito emotivo decerto, a lembrança do que foi deixado para trás; os rebanhos e as serranias, trocadas nos anos 70 pela cidade grande. O curioso e inusitado, é ter visto surgir junto aos "monstros de cimento e vidro", um pastor com o seu rebanho. Algo que já não se verá certamente nos dias de hoje, a não ser talvez, ocasionalmente, nos subúrbios. Talvez...
    Muito bonito. E o comentário da Paula, também.
    xx

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  6. Oi Xico !
    Lindo o seu texto, narrando um pouquinho desse tempo dos rebanhos e seus pastores, me encantei também com as fotos, a última então, que belo contraste a selva de pedras e o rebanho, frente a frente, adorei!
    Beijos!

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