segunda-feira, 15 de junho de 2015

QUANDO CHEGAS?

" ...um retrato  fiel do rude viver, fusao entre homem e terra... total comunhao com a natureza, com todas as alegrias e agruras que isso implica...".
Melhor seria  a singularidade da nossa uniao natural entre homens e bichos, tu vens para aqui, eu par o teu lado, transfigurados. 


Ainda bem que nao sabes ler, caso tal, Miguel Torga te iria moer a alma que sei que tens.
Se comigo te chateias por tres meses de ausencia, que direi eu?
Nem um ladrar sequer me chegou desse teu mundo, nu e segundo dizem, imundo. Cadelas...
Nao assentas porventura, mas cuidado que o tempo leva a loucura dos devaneios ou os devolve em dobrado.
Podias ter latido...
Pouco orgulho deve ter o Farrusco, coitado de tao nobre na sua postusura, esse sim...
Nao leves a mal o desafafo, apenas sofri com o teu silencio, pois sabes o quanto gosto de ti.
E sei... nada latistes, que estiveste a espreitar a morte aquando atacado por um cobarde canzarrao que te esganou e praticamente esventrou, useiro e vezeiro, mas, uma coisa certa e toda a gente me disse (menos tu...perdoado) que aquando a Virgem Peregrina de Fatima foi adorada na nossa aldeia, tu ali ficaste de plantao frente ao andor.
Dizem que de patas postas em recolhimento, cordato e silencioso.
Quando chego?
Para o mes que vem, tambem tenho saudades tuas, mas promete que desta vez falas comigo...





8 comentários:

  1. Que lindo e tocante é esse carinho e amor pelo Ferrusco...Tomara que ele "fale" da outra vez! abraços, chica

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  2. Boa tarde Xico,
    Muito terno e ao mesmo tempo reflexivo esta sua "fala" com o Farrusco, com bastante leitura nas entrelinhas!
    Desejo feliz reencontro para o mês que vem!
    Beijinhos,
    Ailime

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    1. (Queria dizer muito terna e ao mesmo tempo reflexiva esta sua "fala"...)
      Desculpe,
      Ailime

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  3. Se não me engano essa introdução é do livro "Os Bichos" do Miguel Torga, um livro com pequenos contos, onde temos animais com um sentir humano que se igualam ao homem na mesma luta pela sobrevivência e seres humanos que se transfiguram em animais.
    Li "Os Bichos"na escola primária, para aí na 3.ª ou 4.ª Classe. Gostei muito, mas emprestei-o (como era hábito na altura) e fiquei sem ele. :-(
    Lembro-me que o cão chamava-se "Nero". Já me disseram que fizeram este ano uma reedição comemorativa do lançamento do livro e quero-o comprar.
    Às vezes, Xico, acho que escreves ao estilo de Aquilino Ribeiro. Agora, com as histórias do Farrusco fazes lembrar Miguel Torga, em "Os Bichos".

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  4. Xico, quem assim se liga aos Farruscos da vida só pode ter um imenso coração!
    Eu acho! Eu acredito!
    beijo

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  5. Desde a minha infância que não tenho amigos de quatro patas. Com quatro anos, fui acariciar uma ovelha de um rebanho que pastava perto do barracão onde morava. O cão que guardava o rebanho não deve ter entendido a minha intenção, atacou-me ferozmente, e só pela pronta intervenção do pastor, eu não morri, mas estive bem mal. Ainda tenho no corpo as cicatrizes.
    Um abraço e bom fim de semana

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  6. Xico, o texto está uma ternura!
    Confesso que não sou muito dada a cães... sempre gostei mais de gatos, mas desde que o meu morreu, com 19 anos, não quero adotar mais nenhum companheiro! Já seria ele a assistir à minha ausência!... Não quero!
    Bem pequenina, lembro-me de me encavalitar nas cadeiras para fugir aos latidos e investidas (por certo de carinho!) do Black que acabou tristemente num acidente rodoviário. Os meus irmãos choraram muito... eu, naquela altura, fiquei bem... acho que até aliviada!!! Que maldade a minha!...
    Hoje seria diferente... adoro o que esses quase humanos fazem, da forma como reagem a certas situações, da fidelidade que dedicam ao seu dono... sentimentos que muitos humanos ignoram, pura e simplemente, investindo apenas no seu ego e olhando só para o próprio umbigo!!!
    O Farrusco deve ser memso especial.

    O Xico é uma pessoa que apetece mesmo conhecer: sabe que penso exatamente como o Xico, no que concerne a fazer chegar aos bisnetos, trinetos, quiçá tetranetos... as manualidades... e não só!!! O exemplo que mais me orgulha foi o da minha filha mais velha ter usado no casamento, o meu vestido de casamento!...
    Um beijo da amiga
    Teresinha

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  7. Que texto tão simples, despretensioso e tão comovente!
    Esse carinho, esse apego pelo Farrusco sente-se nas palavras e nas saudades k já têm um do outro.
    Pobrezinho! Ia morrendo, mas a Virgem de Fátima, e como católica que sou, acredito k o tenha salvo.
    Que o regresso seja já no dia 15, para "falarem" e se abraçarem muito.
    Abraços e boa semana, Chico!

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