Nao trago fotos mas algo, digamos, imortal! Van Gogh...
... e sinto os olhos soltos, esbugalhados na perplexidade de algo tao proximo. Tal e qual como me contavam e vendo, nao dava a maior importancia, sem saber que um dia seria um tesouro que gatinhando tinha partilhado.
O cheiro e sabor da terra. O semear fremente, qual femea ansiando pela fecundidade da semente.
Gente rude mas sabedora que cautelosamente transformava cada semente num futuro diamante.
Correndo bem a colheita, mais rico ainda!
Mas o caminho para tal, carecia de ser talhado e moldado. Ou melhor, mondado!
A filharada acordava manha cedo, reclamando o pouco do muito a que tinham direito. O que havia.
A mae, reclamando do pai o tempo que as sementes preguiceiras levavam a dar fruto, pois mais rapida era ela a parir os filhos.
E o pai sofrido, continuava sabe Deus como, por vezes com feridas desinfectadas pelo sal de lagrimas inocentes, mas pesadas, a mondar as ervas daninhas do campo, dele e da sua familia, nada de mal podia acontecer.
Tinha a certeza que passados dias se poderia sentar na pedra encostada a cancela de madeira, enxotando as galinhas e os filhotes saltitando ao seu redor, podia descansar feliz.
Da janela da cozinha vinha o cheiro a galinha guisada, do melhor que sua mulher fazia, mas a coisa , aquilo que nao tem nome e lhe pagava no enchimento da alma, nao sabia descrever e mesmo que perguntassem, a resposta sempre a mesma. Cheira a terra!
Nooooooooooossa,Xico!Que beleza escreveste! Acompanhei cada cena descrita e me imaginei por lá! perfeito!1 abraços,tudo de bom,chica
ResponderEliminarNao me revendo no que escrevo, seria letras sem sabor.
EliminarMuitas vezes escrevo para mim e a mim proprio respondo, ate cansar.
Depois...outras coisa que venham. Escrita de desabafo.
Abraco.
Xico, um texto telúrico muito belo, maravilhosamente ilustrado por Van Gogh.
ResponderEliminarPassamos pelas coisas e só mais tarde nos damos conta da importância que tiveram, e que têm, e vemos que por vezes não é preciso ter uma vida rica para se ter uma rica vida.
O tempo da terra é o tempo da paciência e da sabedoria; é feito de ciclos de preparação e cuidado, e de espera. Amanhar a terra para lhe lançar a semente ou plantar seja o que for pressupõe esforço e dedicação para que a colheita possa ser um tempo de festa.
Gostei muito, Xico. Um texto que me trouxe algumas recordações. Remeteu-me para esse cheiro a terra da minha infância.
xx
Por vezes sinto esta necessidade de num desabafo, deixar o teclado livre e olhar o que martela nas teclas. Digo apenas que continue, bate certo.
EliminarQuadros tao imortais como fotos de familia que pensando ser efemeras, se transcedem ate a eternidade.
Do Gogh, acrescento a poesia vivida, palpavel e sentida.
Por isso o trouxe, pincelando a cor do sentido e o cheiro.
Digamos que ultimo retoque de suor de campones.
Obridago Laura. Que gosto sentir quem sente...
"O cheiro e sabor da terra." Frase bonita dentro de um texto rico de expessões vivas!
ResponderEliminarMuito bom, Xico!
Feliz fim de semana... Abraço
Porventura o melhor cheiro do mundo, Anete.
EliminarE entao quando sabe a terra molhada da chuva acabada de cair na minha aldeia...
Oi Chico!
ResponderEliminarAdoro seus escritos, quando eu "crescer quero ser igual a você", rsrs, admiro quem sabe escrever e faz de seus textos, coisas maravilhosas, e também quem sabe cantar, pois uma voz gostosa de ouvir, é um verdadeiro balsamo para nosso espirito, bom escrever eu tento, embora depois acabe em um papel feito uma bola amassada no cesto de lixo, rsrs, mas cantar... não tem jeito mesmo.
Bom chico, eu sou assim mesmo gosto de dizer o sinto, e ler seus textos é sempre um grande prazer, esse parece uma semente que virou diamante, ligeiramente lhe plagiando, rsrs. adorei!
Beijos!
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Bem haja pela sua bondade Fatima.
EliminarHavendo o privilegio de recordacoes bonitas, fica facil.
E bonito nao olhando os erros gramaticais, desde que toque os outros o que sentimos, ja crescemos todos iguais.
Beijo grande.
Bom dia Xico, o cheiro da terra que ainda hoje retenho na minha alma!
ResponderEliminarRecordações vivas de tempos únicos e só quem viveu e sentiu pode escrever da forma tão realista e numa prosa que tanto admiro como só Xico o sabe fazer!
Ricos tempos em que esses momentos foram passados por mim e as minhas irmãs de volta dos meus avós maternos, que tanto nos transmitiram!
Beijinhos e bom fim de semana.Ailime
Pois Ailime.
EliminarO cheiro da terra vai alem da sua essencia material e sua composisao e tal como o barro depois de modelado e transfigurado, traz beleza e harmonia, moldado em sentimentos e sortilegios quase namoradeiros entre o homem e aterra.
Beijinho.
Xico também acho o teu texto muito belo e gostei imenso das telas que o lustram. Acho até que na tua vida tens um pouquinho de Van Gohh ;)
ResponderEliminarGosto imenso do cheiro da terra e uma das razões prende-se mesmo com as sementeiras e os sabores desta época…das mondas é que eu não gostava muito, na infância estava sempre desejosa que acabassem. Mas quando crescemos percebemos que as coisas simples que vivemos lá atrás até torvavam aqueles dias especiais. Uma joaninha ou um cavalinho-rei na mão, o entrançar da barba do milho era pura alegria. É bom manter dentro de nós o que nos faz bem e felizmente ainda vivo dias parecidos. Quando acabo de vir da “santa terrinha” trago comigo o seu ar fresco e puro, o cheiro da terra, dos pinheiros e plantas silvestres, o doce sabor das frutas, etc…
Abr. e bom fs.
...Gosto de mondar cavar semear
Eliminarsentir rente à pele a brisa redonda e muda
o sibilante cheiro da terra
a doce comoção da luz e das cores
o roçar quente da folha do milho
Da criança reservo a espontaneidade
o orvalho suave do espírito
o fascínio das mil flores
e tudo o que não tem nome
Na adulta
a Escuta a Espera...
gosto das contradições
e nos pólos mantenho viva a chama de cada uma
a mulher e a menina
quero-as firmes Assim de carne e de sangue
de alma e de paixão
em nada sobejadas em nada subtraídas
Fazem parte do meu quintal
por onde passeio
entre alvos malmequeres
magos brincos-de-princesa e
o rosa tenro da flor dos pessegueiros...
(excerto de poema de Adelaide Freitas).
Escolhi este poema por achar que vai um pouco de encontro ao que tao bem te manifestas neste comentario.
Acho, tal como tu, que o cheiro da nossa terra, solo, tal como em milenios de culturas em todo o hemisferio, tem algo de sagrado.
Traz recordacoes na entreajuda das pessoais, solidarias umas com as outras, festas e amarguras, partilhas e desavencas.
E acima de tudo, o relembrar de tanta coisa, como se o tempo voltasse atras e se voltasse a brincar com a joaninha e as barbas de milho.
Como dizes, pura alegria!
Adoro VanGogh sempre.
ResponderEliminarBela postagem.
Saudades daqui e de seus escritos.
Aguardo sua visita em meu novo
projeto de blog de poesia.Vem?
Linda tarde.
Bjins
CatiahoAlc/ReflexodAlma
Olá,
ResponderEliminaré a vida no campo não é fácil, essa sabedoria de onde vem, saber a hora certa para plantar e colher. E os moradores do campo sempre nostálgico a espera de dias melhores.Emocionante narração.
Realmente to ficando biruta, escrevi errado, segue agora corrigido. Me desculpe a falta de atenção.
sulprinter@terra.com.br
Estamos festejando nosso rodeio, paramos neste momento para viver nossas tradições,com muito churrasco, chimarrão e gineteada.
E quanto ao chimarrão, esse é o nome de famosas churrascarias que se espalhou pelo mundo. Chimarrão é um hábito herdado dos povos indígenas. Ele tem todo um ritual, vou fazer um post para ti quando vir nos visitar entrar na roda de chimarrão.
Tenha um ótimo fim de semana.
Anajá