quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

FELICIDADE


Os meus votos sinceros para amigos e .... menos amigos.
Muitas mãos dadas com afecto, conseguem abraçar o mundo e aquecer o coração mais frio que exista, por tal guardemos de ano para ano, um bocadinho de bondade.
É grátis!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Conto de Natal

Eram as prendas mais lindas.
A mae dos nossos pais, enlevada, contava "aquelas " coisas que nos sustinham o respirar, de modo tao candido e sereno, falando do Menino.
"Conta avo, se os Reis levaram tanta coisa, Ele depois ficou rico!".


Eram as prendas mais lindas no canto da cozinha. A avo pouco se sustinha nas pernas, talvez pelo peso da sabedoria, mas matriarca, tinha os netos como Reis Magos que no atentamento lhe traziam o ouro, incenso e mirra no modo como escutavam  "rendidos".
O ambiente perfeito, indiferente aquele rebulico de tachos e panelas. Tinham por tecto o canico dos enchidos, secando lenta, lentamente na moderada fogueira a que nos fomos habituando sem desmesuras. Quentes, sim, as palavras da avo. Como podia saber tanta coisa mesmo sendo tao velhinha, se calhar era tambem a avo de Maria, mae de Jesus.. Se calhar eramos primos...
E depois da ceia, enrolados nas mantas, vinha a pergunta, se calhar somos mesmo primos, ate se sente o cheiro das vacas por debaixo do quarto. Querem ver que somos...
Nao havia presepio em casa, apenas as peugas novos ou remendadas junto a chamine e ...
No dia seguinte, mais dos mesmo, extraordinario, uma laranja, figos secos e dois rebucados...
Tinha vindo o Pai Natal...
Foste tu Avo!

Feliz Natal.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Que geada, valha Deus...

Discurso directo enquanto arde uma cavaca na fogueira e ela, a geada "cai"  nos campos e serranias...


- Boa noite!
- Santas, que queres tu magarefe a estas horas, coisa boa nao deve ser...
- Era para perguntar da geada, aqui faz frio, mas...
- Tens saudades de acordar  e chegar na varanda quando acordas e ver os lameiros todos branquinhos, mas nao te apoquentes que agora no Natal vais ver muita e quem sabe a neve, esta um frio de rachar.
Ainda agora vim de dar de comer as galinhas e "arre que diabo", esta a "cair" uma geada daquelas de ficar meio dia na cama, sempre se poupa lenha e as pernas vao pedindo descanso...
- Cair nao, que ela nao cai, digo...
- Nos teus ossos que andas longe, Afinal nao aprendes.Ora ouve, a orvalhada com o frio de agora que nos tolhe todinhas, coalha, tal como o leite para o queijo.
Vos pouco sabeis daqueles tempos,  embora saiba que te lembras de alguma coisa ou outra, eram outros tempos, como aqueles em que o tio Bombo vinha a Forninhos buscar sacos de centeio para moer e trazia a farinha de volta, mas por altura da matacao dos porcos e Natal, quem podia e tinha  semeado algum alqueire de trigo, ficava a espera que ele trouxesse moido para as morcelas e sopa daquele dia. Por vezes nao podia vir se a neve o impedisse, mas com a geada e quando o sol abria, dizem que se agarrava ao rabo do cavalo ou mula e escorregava por ali abaixo, ate ao destino. Boas patas tinham os animais e era assim dia e noite. A vida era dura! Bom homem que Deus ja tem...
E ja agora deixa que te diga, seculo e meio atras, ou mais, e tal como as outras e outros, iamos ceifar erva para o gado nos lameiros, no meu caso na Courela das Regadas, de foice na mao e agua pelos joelhos nos sitios onde a geada nao cobria a erva, descalcas!
Mas ruim, aquela chamada de "Negra", mais tardia e que nos mata os rebentos e os frutos, vadia e maldita. Tanta coisa podia contar mas...
Agora e tudo uma America!
Sabes, parece que falar do frio me puxa mais uma cavaca para o lume e sabe bem,
Esta a "cair" uma geada...

domingo, 7 de dezembro de 2014

Parabens, presidente!

Um grande bem haja pelo seu grande contributo pela liberdade e que no dia em que completa 90 anos, nem a idade consegue calar.


 

Socialista, Republicano e laico.

Lutar corajoso de dimensao mundial e tal como Nelson Mandela, de vida norteada "A luta e a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade ate ao fim dos meus dias.".

Que conte muitos... 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Vamos aos musgos!

Mal a malvada da mestre escola gritava em histeria "meninos, nao esquecam os deveres para amanha", como se nao fossemos sabidos  das nossas obrigacoes e num esgar de ironia, alguns com gestos menos proprios, ala que se faz tarde!
Logo, logo estava o Natal e o presepio nao esperava.
Primeiro os musgos...


Maneira simples de regressar ao espirito do "Nascendo".
Talvez por cheirar a Natal, sim que na altura era apenas a quadra e o que tal envolvia, sendo que nao era pouco. A ansiedade de uma camisola nova ou umas meias, quando nao umas botas compradas a "olho" na Feira Nova. O ano tinha sido de remendos!
Desse pouco (muito em magia), vinha a feitura do presepio, parco em adornos, ate porque as figuras biblicas da burrinha e da vaquinha, moravam vivas na loja por debaixo da casa e contribuiam com o seu cheiro natural e quentura.
Livres da escola, era ver a nossa correria para as matas, pois as nossas maes complacentes, aguardavam que os caldeiros e cestas viessem com os melhores musgos, mais verdes sem se partirem, o pinheirinho do bravo que eram uma praga de abundancia (lindos na altura), pinhas meias abertas, sem bicho e pedrinhas de seixo, reluzentes que feriam a vista. Ah! e a caruma...
Tal como na foto que "roubei", era nestes calhaus de granito que se apanhavam os melhores, virados ao sol para a serra de S. Pedro, mais bonitos e que aguentavam mais tempo em casa no presepio feito junta a uma janela ou sacada, quem tal tivesse.
Um regalo montar o presepio modesto, o pinheirinho nevado de bocaditos de algodao, figuras feitas manualmente e outras a imitar, ate um simples berlinde dava magia na falta das luzinhas electricas pois rara era a casa que tinha electricidade, quanto mais...
A mae ajudava. No dia 8 de Dezembro ja tinha metido num pucara as sementes de trigo a germinar, as "sementinhas do Menino" que iriam ladear as pedras e terra colhida em direccao a manjedoura.
E enquanto nao chegavao o Dia, uma carta de Africa, America ou Brasil, dos entes queridos ausentes, ia enfeitando a pequena arvore, tornando mais doce a festividade.
Era tao lindo e puro...

domingo, 23 de novembro de 2014

Daqui sentado...

Daqui sentado, neste  topo de granito corroido pelo tempo milenar, sobrevivente de fogos e confortado por caruma dos pinheiros e o cheiro resinoso, outrora colorido pelo balir das cabras e ovelhas, pintado pelo lugrube piar das noites da coruja, mocho e do ujo. Quando nao, e era amiude o uivar do lobo
Aqui chegado, revivo cada casa com rostos marcados, nao estas, mas as outras que ali estiveram.  




O tempo volta ao seu tempo, penso de modo acanhado. Mas diferente...
Cresceu a minha terra, que tal como as outras se cimentava nas raizes ancestrais, as malignas eram arrancadas a punho raivoso de gentes vingadoras da ma sorte, apenas por alma e confronto guerreiro de lavradores que esconjuravam as faltas de respeito, mesmo que fossem dos deuses.
Gente da minha terra!
Deixem que olhe...
"La ao fundo, ficava fulana, a casa era baixinha e tinha cinco filhos, o frio e fome que passavam."
"La no alto, havia uma casa ou outra, quando muito uns palheiros para o gado, mas era assim...".
"Aqueles remediados, aqueles sempre viveram bem...".
Agora tem muitas casas, modernas com bons carros encostados.
Agora tem festividades religiosas (aonde vao buscar tanta fe...) constantes etambem as da terra, oferecidas pelas comunidades.
Deixem que olhe...
Mesmo parecendo familiares os pinheiros da encosta e mirando por cima das suas copas, nao vislumbro a escola da minha terra, a mesma em que andei.
Regresso pensativo, a minha escola fechou, nasceu gente para a politica e verdade, verdadinha...
A unica coisa nova e ampliada, foi o cemiterio!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A fome faz sair o lobo do mato

Parece indeciso em descer as ravinas alcantiladas das serranias, seu refugio natural, desafiando os dominios do homem e se necessario tal enfrentar.
Pelas crias resguardadas por calhaus que tinha de alimentar...


Este, o tipo de lobo que conheci em crianca, mistificado em medos demoniacos, pai de todos os males!
Tenho a felicidade de os ter visto ao longe e num dia de madrugada, a loba na vereda de um pinhal iluminado pela lua cheia, levar as crias atras dela, presumo que para casa. A vida deles.
Tinha tido o dissabor de terem numa vespera de Pascoa ido ao patio dos meus pais e levarem o meu primeiro cao e fiquei a ter por eles um odio tremendo depois  "amolecido" por esta cena.
E fui ganhando um carinho muito especial por eles e crescendo no modo de ver a sustentabilidade da natureza. Quando um cacador furtivo passeava pela aldeia com um lobo morto dependurado de um pao e angariando a gloria do seu feito em troca de alguma comida sob a forma de ovos ou um bocado de carne de porco, a garotada corria incredula atras, a ver o "monstro".
Hoje os poucos que restam, parecem acreditar que sao malevolos ate se extinguirem, sina deles...
Nunca foram tao mediaticos, aparecem quase diariamente em canais televisivos por "abuso".
“Esta semana foram vistos três perto da aldeia”, 

“Os animais não são indemnizadas pelo justo valor”.

E  quando o lobo desaparecer dos montes das nossas aldeias...
Queiramos ou nao, as gentes apesar dos receios e prejuizos tem carinho pelos lobos e muita pena terao ao os verem desaparecer. Quase que aposto que havendo concerto pelas perdas, os escassos lobos e rebanhos andariam amigos sem qualquer deles vestir a pele de cordeiro.
O lobo tem muita dignidade. Merece respeito.

domingo, 9 de novembro de 2014

Parabens por abrires janelas da nossa aldeia...

Pequeno espaco este meu, mas que com muito carinho, cada dedo de uma mao, agradece e te sauda. Na tua generosidade abnegada, no teu sacrifico, na tua inteligencia e amor a uma aldeia que "in loco" por interesses te tentaram menosprezar. Sei do que falo, mas quem ficara na memoria, serao os pergaminhos escritos na tua "sebenta".

Fica para ti esta melodia sob a forma de tributo, talvez gostes...
Para mim, guardo a esperanca de contigo voltar ao blog dos forninhenses.
Um beijo.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Arrumar a trouxa

Corre o Outono para o Inverno de modo louco. Apressado e mal educado sem deixar o tempo ter tempo...



Ainda se carregam o que resta das sementeiras as costas. Como ele corre o Outono. Deixe que ao menos se va apanhar a lenha, se agasalhe a comida para as cabras e ovelhas, as couves para as pitas...e um resto de miscaros.
Logo cai a geada e o arreliar da molestia dos ossos.
Mas como diz o Zeca, ja chega o tempo de arrumar a trouxa e ...





domingo, 26 de outubro de 2014

No sino da minha aldeia

Daqui se diz quem casou
Daqui se diz quem morreu
Daqui se diz donde sou
Daqui se diz quem nasceu



Ele, o sino imponente, via a aldeia por entre colunas de granito.
Tinha a obrigacao de comunicar dor e felicidade.
O sino da minha aldeia.
Volta e meia vai tocando algumas coisas antigas, o sino da minha aldeia.
Por vezes olhamos para ele, mudo e calado.
 O que tem...
Talvez saudade do tempo em que acarretava gentes para a missa, aldeia inteira para apagar os fogos no "Ai Deus nos acuda...". 
Tocava no baptizado, os padrinhos bem vestidos, criancas imaculadas, botavam os pergaminhos de gentes simples e crentes, sempre fora com as nossas gentes. Dizia o sino da aldeia.
Repenicavam em dias festivos, Santa Marinha, Senhora dos Verdes. Nunca gostei dos Finados.
Os mortos nao mereciam tantas badaladas cruas...
E a gente para arreliar, menos homens que garotos, para ali iamos tocar, com o povo em alvoroco.
No sino da minha aldeia.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Parabens, filhota.

Como sabe bem ver este teu ar feliz...
Parece de olhos fechados, estares na clinica Sao Gabriel, na Alameda a vir ao mundo.


Vendo-a Sorrir. (A minha filha) , trinta e dois anos passados...

Filha, quando sorris, iluminas a casa 
          Dum celeste esplendor. 
A alegria é na infância o que na ave é asa 
          E perfume na flor. 

Ó doirada alegria, ó virgindade santa 
          Do sorriso infantil! 
Quando o teu lábio ri, filha, a minha alma canta 
          Todo o poema de Abril. 

Ao ver esse sorriso, ó filha, se concentro 
          Em ti o meu olhar, 
Engolfa-se-me o céu azul pela alma dentro 
          Com pombas a voar. 

Sou o Sol que agoniza, e tu, meu anjo loiro, 
          És o Sol que se eleva. 
Inunda-me de luz, sorri, polvilha de oiro 
          O meu manto de treva! 

Guerra Junqueiro, in 'Poesias Dispersas'


segunda-feira, 13 de outubro de 2014

E agora desce o frio...

Andamos arrenegados, um com o outro.


Faz um ano esta foto!
O Tio  Porfirio Forra que ja mostramos no blog dos forninhenses.
 Primo direito da minha mae e o primeiro a aparecer em tudo o que era esta tradicao de amigos e familia, tal como esta em frente a casa da minha "velhota".  Sempre gostou tal como eu vou fazendo de ter este encosto. Era dia de vindima e nada melhor que esperar sobre a pequena latada.
Sendo o meu falecido pai vivo, entraria na cozinha, mas certo que "estamos bem aqui fora".
"Vai ver se o lagar esta bem tapado"  ou a tua mae ja tratou disso...".
O principio do fim...
Dizia ele "rapaz, olha que em menos de quinze dias temos de ter agasalho...".
E falava de onde se podiam encontrar tortulhos, bons marmelos de lameiros abandonados e mais tarde matas de miscaros.
Tal como "Se vais armar aos tralhoes, tem cuidado com os nabos semeados, pois chegas a casa e tens sermao e e missa armada..."
Este Senhor tem uma rua que bem o homenageia, a Rua do Poeta.
Mas sabe bem que ando arrenegado...

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Para onde vais minha aldeia...



O tempo foi levando o teu encanto, esquecido por quem tinha de tal preservar.
Todos somos culpados,  nao batalhamos pelo que temos em memoria, dos nossos "mais velhos", nem deixamos pergaminhos...por conveniencia organizada a que cobardemente nos sujeitamos.

A uniao da terra, apenas se manifesta na unanimidade dos que vao ficando para tras, mais contentes que consternados, por o amigo ter ganho a corrida e primeiro partir...
Assim vai definhando um lugar bonito, dividido por "porcarias" vaidosas de gentes que sabem e nao querem ou querem e nao sabem, sem pararem um minuto na vida e...




...aqui, o tempo nao voltara atras, todos serao iguais, sem bolsa de valores, fortunas, raivas...
Num local bonito que os olhos tapados nao irao apreciar, tiveram muito tempo.


Aqui jaz a historia da minha terra, de mais vencedores que vencidos, mas acredito, em paz com eles proprios.
Que seja dignificada a sua memoria e descansem em paz!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Grãos de memórias

Que tal como na foto, vão sendo varridas por uma simples vassoura de giesta apanhada nas imensas matas de pinhal, circundantes da aldeia.
As giestas continuam, mas o grão de centeio ou trigo,morreu nestes campos outrora famosos pela sua abundância e qualidade; vai sobrando algum milho, que já não é moído no "Moinho da Carvalheira". Se o tenho no coração...

 


O Moinho da Carvalheira, faz parte real da minha meninice, qual território sagrado dos Incas, onde a natureza se agitava naquele local recôndito, impregnado de lobos, corujas, raposas e aves de rapina, procurando o alimento para as crias, tal qual íamos esmagar o grão para o pão-nosso de cada dia. Adiante, os Cuvos, que mal produzia um raquítico milho, mas saborosos chicharros. Subindo a encosta para o lado direito, lá estava o imponente Castelo e do outro lado o Castro.No meio da encostava havia uma nascente que não secava, de dia para o homem de noite para os bichos.
Junto ao moinho, as Dornas e a sua gruta de água cristalina, aonde se sentia o mundo na sua perfeição absoluta! Chegava com o meu pai, as vacas arrastando o carro, chiando sobre o peso do grão e o difícil trilho.Teria seis anos de idade, mas a expectativa de passar o dia e a noite neste local mágico, acelerava o coração. Carro descarregado e vacas a pastar na orla da ribeira com o coaxar das rãs e o bailado das libelinhas, era hora de ir roubar umas ameixas ao Sr. Daniel, cá mais abaixo, encher os bolsos e a boina.
A seguir, uma vara de amieiro, um fio de nylon mais um anzol ferrugento com gafanhoto a servir de isco, sempre se apanhavam umas bogas tontas que se viam a olho nu; numa água que era brilhante. As maiorzitas serviam para grelhar e ajudar a bucha da noite, na fogueira acesa no canto esquerdo interior da moinho, enquanto a mó carrasca, esmagava o grão, chiava, esmagava, acompanhada pelo piar do mocho ali ao perto.
Enquanto o meu pai vigiava toda a noite a tarefa, eu aconchegava-me junto a fogueira, enrolado numa manta trazida de casa, e adormecia a sonhar com as mouras encantas ali tão perto.
Manhã cedo o meu pai acorda-me, carro já carregado com as taleigas da farinha, vacas junguidas, prontos para abalar, apenas faltava o caldeiro de lata que pendurou num fogueiro. O chiar do carro sobre as pedras na subida, faziam levantar as perdizes matinais, acordar os melros na ribeira e alvoroçar os tajasnos. Já em cima, um coelhito atarantado, apenas se desviou das vacas, pois eu ia sentado na frente do carro e o meu pai nas traseiras. Se tivesse uns custilos e tempo, aqueles tajasnos e mais que fora, não escapavam.
Mais a frente cruzamo-nos com outro carro de bois, que vinha para a moagem, era o dia que lhe pertencia em sortes (não me recordo quem era).


(que me desculpe o Blog dos Forninhenses por ter ido "roubar" este  comentário que fiz  na etiqueta, tradições em extinção, dois anos atrás). Bem hajam,


sábado, 6 de setembro de 2014

Mimos de Forninhos

Pequenas coisas que não carecem de palavras e "roubei" aos cuidados da minha mãe. São para vós, trazidas das férias. Merecem muito mais...


Acarinhadas todos os dias.


Estas é a segunda vez que florescem este ano.


Encostada a um pilar de granito da parreira, parece mostrar a beleza 
das suas pétalas protegidas.


Então e eu, pergunta a minha mãe.


Olhe para cima, da varanda vê tudo.


Esta é especial...

sábado, 30 de agosto de 2014

FAZ UM ANO...

Um ano que passou num ápice e no qual não pude acompanhar esta "cria" tal como gostaria e imaginava.
O Nascendo não morreu e tal como esta atenta loba, irei alimentar a cria de forma mais atenta, embora o sentimento permaneça, de forma redobrada.
Mesmo assim valeu a pena e não me arrependo!
Um Bem Haja a todos pela forma carinhosa e amiga como por aqui passaram. Assim sendo, vale a pena continuar.
Até breve.


terça-feira, 22 de julho de 2014

VOU DE FERIAS!

AI QUE CHEIRINHO


Estes gaiatos mais novos, correm que se pelam...
Alegria, descanso e divertimento sabe bem a todos, portanto toca a acelerar, tempo de ferias!
Boas, do fundo do coracao. 

XicoAlmeida

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Hoje repousa no panteao nacional.






I
Não és navegador mas emigrante
Legítimo português de novecentos
Levaste contigo os teus e levaste
Sonhos fúrias trabalhos e saudade;
Moraste dia por dia a tua ausência
No mais profundo fundo das profundas
Cavernas altas onde o estar se esconde
II
E agora chega a notícia que morreste
E algo se desloca em nossa vida
III
Há muito estavas longe
Mas vinham cartas poemas notícias
E pensávamos que sempre voltarias
Enquanto amigos teus aqui te esperassem –




E assim às vezes chegavas da terra estrangeira
Não como filho pródigo mas como irmão prudente
E ríamos e falávamos em redor da mesa
E tiniam talheres loiças vidros
Como se tudo na chegada se alegrasse
Trazias contigo um certo ar de capitão de tempestades
— Grandioso vencedor e tão amargo vencido –
E havia uma veemente emoção em tua grave amizade
E em redor da mesa celebrávamos a festa
Do instante que brilhava entre frutos e rostos
IV
E agora chega a notícia que morreste
A morte vem como nenhuma carta

Sophia de Mello Breyner Andresen (1989)

sábado, 28 de junho de 2014

Airport - The Motors

A "MINHA" BANDA



E que banda, meu Deus...
Imaginem um adolescente vindo do interior onde os locais maiores pouco mais tinham de mil almas e aterrar nesta Lisboa.
Havia que integrar e assimilar novas vivencias, mesmo trazendo alguns estudos e referencias pessoais.
Mas o frenesim que se vivia a seguir ao 25 de Abril, nada impedia, muito menos o sotaque beirao, carregado como o de outras provincias.
E la me fui ambientando, ate ficar rendido. As festas religiosas das aldeias, nada tinham a ver.
E meses decorridos la fui ao saudoso Pavilhao de Cascais, mais alegre ainda que o Estadio da Luz.
A musica era outra. The Motors, conhecia de nome tal como os Ten Years After, com aquele louco baterista chamado Barry Wilson, por nao esquecer as pulseiras...
Bateu forte e senti arrepios nem sei de que, apenas foi fabuloso.
Entretanto formamos fruto da vivencia e estudo, um grupo de amigos e animados e vivos como eramos, entre os cinco compramos um "carrao", Opel Kapitan de seis cilindros, tipo banheira americana, tocando a cada um quatro contos, quase vinte euros agora.
O que tinha a carta conduzia e la fomos conhecendo o "nosso" Portugal.
Ate que os Motors, voltaram a Cascais e la fomos no "gigante" americano. Grande concerto!!!
Acabado, dois em cima do tejadilho, na boa, tudo a cantar, ate a policia mandar encostar e dormirmos na esquadra.
Mesmo assim "acordamos" a cantar Airport, como se nao tivessemos um aviao apreendido no parque.  

domingo, 22 de junho de 2014

HEROIS DO MAR NO MUNDIAL

Pela historia!



"A Portuguesa"

Heróis do mar, nobre Povo,  
Nação valente, imortal,  
Levantai hoje de novo  
O esplendor de Portugal!  
Entre as brumas da memória,  
Ó Pátria, sente-se a voz  
Dos teus egrégios avós,  
Que há-de guiar-te à vitória!   

Às armas, às armas!  
Sobre a terra, sobre o mar,  
Às armas, às armas!  
Pela Pátria lutar  
Contra os canhões marchar, marchar! 


Hoje, contra a enorme America, o peso da tua grandeza e historia feita de coragem,  bravura  e sacrificios, voltara a erguer bem alto o nome de Portugal!
Vamos a eles...

quarta-feira, 18 de junho de 2014

ROTA QUEBRADA




Trova do Vento que Passa

Adriano Correia de Oliveira

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.
o vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas 
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.
Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.
[Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.
Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).
Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.
Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.
Quatro folhas tem o trevo
liberdade quatro sílabas.
Não sabem ler é verdade
aqueles pra quem eu escrevo.
Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

domingo, 15 de junho de 2014

Fonte da Telha, terra de pescadores

No imaginário de criança de uma aldeia do interior, o mais próximo do barulho do mar era o que um ou outro mais viajado narrava, depois em alguma televisão, até que finalmente nas excursões escolares, lá o conheci na Figueira da Foz.
Maior do que jamais pensei e assustador, com aquele barulho de ronco gigante e ao mesmo tempo embalador, mas aquele cheiro... finalmente o cheiro do mar! 
Meia dúzia de anos depois e já em Lisboa, apaixonei-me por uma praia da outra banda, a ultima da Costa, a Fonte da Telha, na altura a mais natural e selvagem por aquelas bandas.
Durante dois anos, poucos foram os fins de semana em que o nosso grupo, quatro ou cinco mais chegados e com raízes beirãs e ali era erguida a nossa tenda nas dunas mais abrigadas por debaixo dos arbustos. 

O transpraia
Era este o pequeno comboio, quase de brincar que nos levava por duas noites até ao fim da linha e quase a passo, ia deixando para trás as outras praias como que dando tempo para um mergulho e ainda o apanhar em andamento.


Assim os via partir nos primeiros dias para a faina, a arte xávega. Iam lançar as redes nos pesqueiros que só eles conheciam na esperança de boa safra e ficava siderado como era possível aquele punhado de gente apesar da forca dos braços e sabedoria ancestral, vencer tanta vaga alterosa.
Vinha-me a memoria os cavadores de enxada da minha aldeia de sol a sol, mas estes enfrentavam tudo e todos, ate o fim do mundo. Caramba!


Aqui, tal como regista esta foto que como as outras tirei da net, mas sobre a da Fonte da Telha, tive o primeiro contacto com a gente do mar, experimentando o modo e a sabedoria de se puxarem as redes para terra, através de voz mandante e ritmada e quase meio corpo dentro de agua, homens e suas mulheres.
Fomos bem acolhidos na ajuda e pouco depois tivemos uma lição de vida.


As redes haviam sido lançadas no modo da arte própria e ao saírem do mar de modo cadenciado, formavam um tipo de funil que aberto na areia, trazia milhares de peixes a saltar das mais variadas espécies e dentre essas os tamanhos, pelo que havia de escolher e assim se foi fazendo noite dentro, sob a pequena luz de candeeiros.
Todos ajoelhas naquela montanha de peixe, seguíamos as instruções das mulheres e dos homens mais idosos, este e para esta caixa, este para ali, este não presta, fica para as gaivotas.
Nos, armados em malandros, pensamos que tínhamos ali para jantar nesse dia e comida para o outro, por isso e porque por detrás das pessoas reinava a escuridão, la íamos surripiando uma boa quantidade de peixes. Melhor, roubando.
Findo o trabalho, os pescadores agradeceram a ajuda e colocaram à nossa  disposicão o peixe que nos apetecesse. Eles tinham visto a "marosca" e não era a primeira vez que tal acontecia, mas nós tínhamos trabalhado bem.
Que dizer tal a vergonha, a não ser que foi uma grande lição de vida?!
Recordo apenas que se houvesse fim de semana em que não fossemos, eles ficavam preocupados ao não nos ver a puxar as suas redes.
Nunca ali compramos peixe, éramos quase pescadores, de terra, claro, mas peixe como aquele, assado no grelhador que fizeram para nos oferecer, nunca mais. 

domingo, 1 de junho de 2014

Dia da Criança

E ao centro la esta todo janota o Xico. Ja na altura tinha estilo....





De repente
Ao lembrar dos brinquedos queridos
Que ficaram esquecidos
Dentro do armário
Bate uma saudade
Bate uma vontade
De voltar no tempo
De voltar ao passado
Mas nada acontece
Nada parece acontecer
E eu choro
Choro como o bebê que fui
E a criança que quero voltar a ser
Não quero crescer!

Lindos que eram estes passeios de criança!

Foto> http://onovoblogdosforninhenses.blogspot.pt/

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Semeia e depois monda

Nao trago fotos mas algo, digamos, imortal! Van Gogh...


... e sinto os olhos soltos, esbugalhados na perplexidade de algo tao proximo. Tal e qual como me contavam e vendo, nao dava a maior importancia, sem saber que um dia seria um tesouro que gatinhando tinha partilhado.
O cheiro e sabor da terra. O semear fremente, qual femea  ansiando pela fecundidade da semente.
Gente rude mas sabedora que cautelosamente transformava cada semente num futuro diamante.
Correndo bem a colheita, mais rico ainda!  


Mas o caminho para tal, carecia de ser talhado e moldado. Ou melhor, mondado!
A filharada acordava manha cedo, reclamando o pouco do muito a que tinham direito. O que havia.
A mae, reclamando do pai o tempo que as sementes preguiceiras levavam a dar fruto, pois mais rapida era ela a parir os filhos.
E o pai sofrido, continuava sabe Deus como, por vezes com feridas desinfectadas pelo sal de lagrimas inocentes, mas pesadas, a mondar as ervas daninhas do campo, dele e da sua familia, nada de mal podia acontecer. 
Tinha a certeza que passados dias se poderia sentar na pedra encostada a cancela de madeira, enxotando as galinhas e os filhotes saltitando ao seu redor, podia descansar feliz.
Da janela da cozinha vinha o cheiro a galinha guisada, do melhor que sua mulher fazia, mas a coisa , aquilo que nao tem nome e lhe pagava no enchimento da alma, nao sabia descrever e mesmo que perguntassem, a resposta sempre a mesma. Cheira a terra!   

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Fatima

A treze de maio na Cova de Iria, apareceu brilhando a Virgem Maria...


Nada me comove mais que a Senhora de Fatima. um misto de fe, ternura, nem sei definir por sentir uma emocao enorme.
Tal como daqui a pouco na procissao das velas. O Adeus.
Invejo os  peregrinos,  calcorreando dias a fio em promessas e agradecimentos, irradiam felicidade suprema na Capelinha das Aparicoes.
E a fe inabalavel de mais de duas centenas de milhares de crentes, cantando embalados pelo lenco branco, tal como os cravos que a Senhora embelezam, "Rainha de Portugal...".
Bem haja, Senhora!

sábado, 10 de maio de 2014

Maio, Cerejas ao borralho

Ainda uma dúzia de dias atrás, espreitavam  maneirinhas, quase envergonhadas e melindradas na janela do sol que rompia por entre a folhagem...


Estava na minha aldeia, sem pressa de regresso, com pena de perder uma das coisas mais belas, as cerejas pintando na sua puberdade aquele rubor de menina apaixonada que ela sabe que nos prende.
Cada cerejeira, aquelas das mais antigas, estão marcadas, ate pelo nome, cerdeira.
Fulano tem a cerdeira cheia de silvas e os malandros não podem subir o tronco. Caramba, desafiar putos que iam provar a caroça, as cerejas mais temporãs...raio de donos, "Deus lhes desse uma caganeira", não foramos nós, vinham os melros e outros iguais, rapinar.
Como andavam altos, apenas eram amaldiçoados, mas la íamos lutando pela vida, melhor, subindo a cerdeira ate sermos apanhados.
Contam "romances da aldeia" que certa pessoa, encavalitada e regalada numa destas, tripa forra até estourar, ouviu o ribombar de uma voz de trovão, o dono, "quem és meu malandro que te fisguei, sabes quem sou...".
O puto, ainda vão afirmando ter sido eu. Mentira, se bem que era capaz de tal, de responder ao dono aquilo que ele ouviu: "as cerejas do Chico Balas, comem se duas a duas, as que estão na barriga são minhas, as que estão na cerdeira são tuas".
Bom, bom, era mesmo esperar pela noitinha, fria a pedir fogueira e borralho, e a "revoada de pardalitos" vendo o dono cansado depois de ter perdido meio dia de "espera", voltar aos seus afazeres. Não mediamos tempo nem consequências, éramos inocentes...
Menos maus que os verdadeiros pardais a quem os donos amaldiçoavam como a causa dos seus danos...
Era tão bom ir roubar cerejas!
Hoje comprei para provar, portuguesas, num mini do Bangladesh...

quarta-feira, 7 de maio de 2014

NASCENDO DA TERRA

Prometi voltar e ca estou, embora um pouco atrasado.
Por isso me penentencio, mas o blog dos forninhenses tem requerido mais atencao, por mais abrangente e serio em detrimento de coisas minhas.


Um periodo sabatico, que aquando a permanencia de uns dias em Forninhos por altura pascal, me revi na meninice de adolescente, tal como ainda hoje, a remexer a terra, ouvir o cuco e a poupa, o cavar a terra para a sementeira e nao resisti. Tinha de voltar aqui, afinal o inverno tinha emigrado, a horta da minha mae que ralha comigo do alto pulpito dos oitenta e quatro anitos, pedia a lavra, o motor de rega devia estar afinado e ate o tanque de rega devia estar preparado.
La fomos, o Luis e o Agostinho a abrir os regos de enxada na mao e eu e a Graca, a deitar geometricamente as batatas. A mesma familia que ela contrata para tratar das videiras, da azeitona e tudo mais. Mas a orientacao vem da minha mae Augusta.
Vim embora, depois de conviver com muita gente amiga, que ainda por la anda.
Vou ligando, mas quando apanho esta senhora ao telefone, vem ofegante e vaidosa da horta, da sua horta, pertinho do povo e bom caminho, uma das suas razoes de viver e manter a vida com energia.
Ontem perguntei como estava a horta.
Depois das batatas e com os morangueiros ja crescidos, na parte da manha havia semeado milho, plantado couves, tomateiros, cebolas e umas leiras de feijao. As batatas ja rebentavam e tinha que as esgadanhar.
Como ela diz, temos de semear e enquanto tiver pernas e a minha maneira, de manha, vou sachar semear e mondar, no fim da tarde para fugir ao calor, vou regar, ponho o motor a trabalhar e aquela agua nos pes, sinto que nasco outra vez. Tal como o fruto, diz ela.
Quando vieres vais ver como a horta esta bonita. Um regalo.
Claro que acredito!