domingo, 23 de novembro de 2014

Daqui sentado...

Daqui sentado, neste  topo de granito corroido pelo tempo milenar, sobrevivente de fogos e confortado por caruma dos pinheiros e o cheiro resinoso, outrora colorido pelo balir das cabras e ovelhas, pintado pelo lugrube piar das noites da coruja, mocho e do ujo. Quando nao, e era amiude o uivar do lobo
Aqui chegado, revivo cada casa com rostos marcados, nao estas, mas as outras que ali estiveram.  




O tempo volta ao seu tempo, penso de modo acanhado. Mas diferente...
Cresceu a minha terra, que tal como as outras se cimentava nas raizes ancestrais, as malignas eram arrancadas a punho raivoso de gentes vingadoras da ma sorte, apenas por alma e confronto guerreiro de lavradores que esconjuravam as faltas de respeito, mesmo que fossem dos deuses.
Gente da minha terra!
Deixem que olhe...
"La ao fundo, ficava fulana, a casa era baixinha e tinha cinco filhos, o frio e fome que passavam."
"La no alto, havia uma casa ou outra, quando muito uns palheiros para o gado, mas era assim...".
"Aqueles remediados, aqueles sempre viveram bem...".
Agora tem muitas casas, modernas com bons carros encostados.
Agora tem festividades religiosas (aonde vao buscar tanta fe...) constantes etambem as da terra, oferecidas pelas comunidades.
Deixem que olhe...
Mesmo parecendo familiares os pinheiros da encosta e mirando por cima das suas copas, nao vislumbro a escola da minha terra, a mesma em que andei.
Regresso pensativo, a minha escola fechou, nasceu gente para a politica e verdade, verdadinha...
A unica coisa nova e ampliada, foi o cemiterio!

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A fome faz sair o lobo do mato

Parece indeciso em descer as ravinas alcantiladas das serranias, seu refugio natural, desafiando os dominios do homem e se necessario tal enfrentar.
Pelas crias resguardadas por calhaus que tinha de alimentar...


Este, o tipo de lobo que conheci em crianca, mistificado em medos demoniacos, pai de todos os males!
Tenho a felicidade de os ter visto ao longe e num dia de madrugada, a loba na vereda de um pinhal iluminado pela lua cheia, levar as crias atras dela, presumo que para casa. A vida deles.
Tinha tido o dissabor de terem numa vespera de Pascoa ido ao patio dos meus pais e levarem o meu primeiro cao e fiquei a ter por eles um odio tremendo depois  "amolecido" por esta cena.
E fui ganhando um carinho muito especial por eles e crescendo no modo de ver a sustentabilidade da natureza. Quando um cacador furtivo passeava pela aldeia com um lobo morto dependurado de um pao e angariando a gloria do seu feito em troca de alguma comida sob a forma de ovos ou um bocado de carne de porco, a garotada corria incredula atras, a ver o "monstro".
Hoje os poucos que restam, parecem acreditar que sao malevolos ate se extinguirem, sina deles...
Nunca foram tao mediaticos, aparecem quase diariamente em canais televisivos por "abuso".
“Esta semana foram vistos três perto da aldeia”, 

“Os animais não são indemnizadas pelo justo valor”.

E  quando o lobo desaparecer dos montes das nossas aldeias...
Queiramos ou nao, as gentes apesar dos receios e prejuizos tem carinho pelos lobos e muita pena terao ao os verem desaparecer. Quase que aposto que havendo concerto pelas perdas, os escassos lobos e rebanhos andariam amigos sem qualquer deles vestir a pele de cordeiro.
O lobo tem muita dignidade. Merece respeito.

domingo, 9 de novembro de 2014

Parabens por abrires janelas da nossa aldeia...

Pequeno espaco este meu, mas que com muito carinho, cada dedo de uma mao, agradece e te sauda. Na tua generosidade abnegada, no teu sacrifico, na tua inteligencia e amor a uma aldeia que "in loco" por interesses te tentaram menosprezar. Sei do que falo, mas quem ficara na memoria, serao os pergaminhos escritos na tua "sebenta".

Fica para ti esta melodia sob a forma de tributo, talvez gostes...
Para mim, guardo a esperanca de contigo voltar ao blog dos forninhenses.
Um beijo.


quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Arrumar a trouxa

Corre o Outono para o Inverno de modo louco. Apressado e mal educado sem deixar o tempo ter tempo...



Ainda se carregam o que resta das sementeiras as costas. Como ele corre o Outono. Deixe que ao menos se va apanhar a lenha, se agasalhe a comida para as cabras e ovelhas, as couves para as pitas...e um resto de miscaros.
Logo cai a geada e o arreliar da molestia dos ossos.
Mas como diz o Zeca, ja chega o tempo de arrumar a trouxa e ...