terça-feira, 27 de dezembro de 2016

ACOMODAR O INVERNO.

Pouco ia restando do estio, não fossem umas varas secas de vides e caruma amontoada nos pinhais, para o estrume. Sobrava um ou outro míscaro bichoso, encontrado por quase desleixo pelas gentes da azeitona. Isso quando no pinhal  e nas veredas dos lameiros batia o sol e este vencia a geada.


O tempo ia arrecadando os seus sortilégios para os meses de carestia pronunciados, fossem eles bons ou maus...as luas tal ditariam, conforme mandava o povo, melhor, a sua sabedoria.
Certo é que como no Natal, um vem atrás do outro.






terça-feira, 20 de dezembro de 2016

O calor de Natal...

Lindos os amigos do Farrusco, companheiro adorado por mim, e pelos seus iguais.

Por esta altura natalícia, resolveram que devia ser presenteado pelos pares, afinal e quase no fim da vida, tem sido um exemplo de luta e coragem para com os que se seguem...

Por tal aqui trouxe os seus amigos...para ele. A minha prenda:





quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Boas festas para vós...


Como era , como era a ansiedade de receber o postal de boas festas, num pregão cantarolado e de modo quase brejeiro pela mulher do correio...
Vinham de terras distantes, mas tão bonitos e  coloridos que nos faziam viajar para terras distantes.


Permite o tempo que ainda a gente vá recordando.
Malvado, este novo tempo que vai moendo sentimentos, como que se a nostalgia do passado, fosse inócua e residual.
Que o tempo não apague o tempo e os seus sortilégios e anseios
Que não apague o amor! 

domingo, 4 de dezembro de 2016

ABRENÚNCIO!!!

Nesse inverno dormiu com os espantalhos da sua vida e acordou determinado, parecendo transfigurado: 
" Não te metas com o cão velhoCoitadinho do Farrusco, nos seus pesadelos apenas um pungente rosnar para o passado, o de um general perdido no seu labirinto.  
Longe, afastado e nas sombras  da fogueira,  agonizava, queria fugir de maldições, renunciava a satanás  por acometimentos maldosos havidos , mas o mafarrico gozava com ele, sentindo-o perdido, fazia com que os seus pensamentos ,quase confissao, vagueassem a esmo, quando apenas procurava o caminho de volta.", rosnando a sua maldição; tinha ficado arrenegado! 



Ia amornando o inverno e havia que tornar a levar o rebanho para a serra e ao mesmo tempo ajudar as sementeiras, os arados não podiam enferrujar e as cabras e ovelhas prenhas tinham de ser bem alimentadas.
Agreste havia sido o inverno, mais pesaroso que penoso, que este as gentes bem ou mal, aguentavam,  mas o pavor dos bichos ruins, os lobos esfomeados que vinham em alcateia ,descendo, ai Deus nos acuda, pois um lobo faminto é como um homem desvairado, ou pior...
Mas num desvario sentimental lá levei o Farrusco, afinal as suas duas filhas por ele ensinadas nos mistérios da serra, sempre estariam atentas e podendo, em caso de necessidade, com elas podia contar.
Era gelada a noite e se o gado não aguentava o frio, que dizer da gente, o melhor era recolher à corte de pedra de granito,  meio destelhada, tétrica  no alto da serra, mas acomodo para todos, gentes e animais.
Ainda a noite longa não pronunciava a aurora, eis que se alevanta uma ventania medonha; a chuva ou granizo, pronunciavam o fim do mundo e os restos da fogueira que teimavam em arder, soltavam o último suspiro, apenas ia restando o borralho, detrás do qual o Farrusco tinha apenas o olhar fixado na porta alquebrada, a única.Quando descarregou a trovoada, nem sequer latiu nem escutou as minhas preces a Santa Bárbara, parecendo milagre o gado estar calado...
Eis senão quando, cai um raio no pinheiro ao lado do casebre e temi o fim, afinal já se ia ouvindo o correr feroz das águas pelos côrregos abaixo.
Durante muito tempo, pairou o silêncio, ou o meu medo, pior ainda quando os sinais exteriores faziam sentir os lobos e pelo matraquear, o chefe da alcateia como vim a saber mais tarde.
Era o mafarrico e rezei e encomendei a minha jovem alma a quem aprouvesse.
Apenas lembro um grunhido medonho, horripilante, demoníaco e um estardalhaço na  porta pelo cão velho que a derrubou...
Dizem que ainda anda or ali o mafarrico, mas eu e o Farrusco, já velhinhos, gostamos de por ali passar e na dúvida, quase brincadeira, em vez de figas apenas dizemos abrenúncio!

terça-feira, 22 de novembro de 2016

VALAGOTES


Agora que o frio vai apertando, a gente vai esmorecendo, mas lembrando outros tempos...e gentes.
Forninhos, veio de cima para baixo e haja o mais pintdo que tal desdiga e o prove.
Era esta réstea de gentes nobres e com ganas, alcondoradas nos penedios, que soltavam os alertas dos malefícios dos homens e dos bichos.
Gente boa esta ,a do lugar dosValagotes.
Lembro...
Os moinhos, e as madrugadas ensoleiradas pela lua cheia com o carro das vacas carregado de farinha moída, escorregando pelos reles caminhos, gelados, de terra batida.
Lembro...
Os senhores pastores ,dormindo aonde aprouvera, no resguardo dos seus rebanhos, tenazes e destemidos no guardar o que Deus lhes prometra e eles cotinuavam quais
apóstolos.
Lembro...
Carregarem os melhores queijos para a feira de Fornos ,às costas ou à cabeça,ainda era de noite, por mais de dúzia e meia de quilómetros...
Lembro...
A camioneta do Sr. Graciano que carregava o gado e as gente, tudo misturado.
Na volta, alguns ficavam pelo caminho, adormecidos num adega ou taberna.
Mas lembro...
Os Valgotes sempre foram terra de gente de bem. Pequenina, certo, mas de grande nobreza


domingo, 30 de outubro de 2016

COISAS DO ARCO DA VELHA

A história que vou contar, contou-me certa velhinha numa noite de luar, nas cinzas da última pinha, remelosa que teimava em se apagar, porventura desvairada pelo vento que descia da chaminé.
Renitente a velha, foi metendo mais uns galhos secos na lareira e à cautela, foi entrapar as janelas.
Começavam a bailar as primeiras farripas de neve e a canalha dela, dormia esparramada por bem tratada. Meteu uma cavaca de carvalho, sinal de que a coisa  prometia...
Eles, os homens, tratavam da vida nas serranias, trazendo os últimos fenos e animais para a aldeia, acoitados de noite nos casebres de granito para o gado comer de dia as últimas restéas de feno que a geada queimaria.
Pronúncio da miséria do inverno, a ferocidade da sobrevivência...o homem e a fera.



Houve um senhor que tinha um rebanho pequeno que pouco ganho lhe dava, ou nenhum, digamos,assim titubeava o raio da velha que não calava a matraca,mas sabendo que conhecia a serra e os seus segredos, pára, e escuta...
O Ti Zé das Lareiras tinha quatro ovelhas e duas cabras.Andava por ali na serra de São Pedro, por vezes descia aos Cuvos. Sabia da vida dele, tipo eremita que por vezes descia a aldeia para procurar mantimentos e fósforos, entre outros...
Vivia no dia a dia da caça, na guerra da disputa daquilo que o alimentava,caçava uns coelhos ou rolas, sabendo que o inimigo, o lobo, lhe disputava as presas.
A velha que tal me conta, jura pela alma dos mais chegados  que foi lá um dia um dia de manhâ.
Agora duvido da história.
Contava-me ela, com as brasas apagadas, que havia um lobo morto e um coelho apanhado., 
Por quem, dona Piedade, perguntei...
Foram os Mafarricos!

terça-feira, 30 de agosto de 2016

NASCEMOS FAZ HOJE TRÊS ANOS...

Estás a escrever sobre nós? Matreiro e vaidoso no seu olhar embevecido, sinto a pergunta, pois madura é a nossa cumplicidade, afinal tanto vivemos, ele em parte guarda a minha vida, eu retribuo.


Fez dieta o "malandro" nas suas férias clandestinas, tal como antevi, pior as mazelas, marcas profundas no corpo de mordidas de defensores dos seus territórios.
"Mulherengo"...ainda bem que cheguei a tempo de te tratar,


És um ícone da aldeia.
Mal o sino da aldeia toca as "entradas" para a missa e/outras cerimónias, o teu uivar pungente e sem graça, incomoda, pelo menos o meu despertar, cala o cantar do galo, coisa de menos, pior o ladrar para a raposa matreira noite adentro
Tal como neste final de Agosto!


Nestas fotos tiradas na serra, andavas comigo, lembras?
Claro, aquela história em que procuravas a tua família, sem perderes a crença e que valeu os encontrares descendo as serranias de S. Pedro.


Provei e adorei os melhores bolos de azeite, feitos de modo único e genuíno.


Na mão do mestre do forno, o tio António Carau


Nestes três anos passamos muito. Frio e calor, amuos por vezes, mas no fim, unidos.


Numa mão cheia de riqueza.
Pedaços de vida.
Num bem haja agradecido.


Estes, os lobos, quase acabaram como por aqui contamos, com a tua família, mas sabes que gosto deles e da sua vida tratam.
Raio do ciclo da vida...


Forte e valente, as gentes da nossa terra!


A minha maior tristeza, é quando me venho embora de féria tal qual as andorinhas e tu ficas tristonho, mas agora vou mais amiúde... Não fiques triste, afinal fazemos anos!!!.


Queres melhor que guardar serras e ribeiros, terras tuas?
Mereces!

terça-feira, 26 de julho de 2016

O FARRUSCO DE FERIAS?

Decorrido quase um mes em que andava apoquentado pelo seu desaparecimento, o malandro deu noticias. Ingrato, Foi tratar\das ferias que nunca teve, dizia num simples rascunho e ia ver o mar.
Que se lixe e se desenrasque,  sozinho vai voltar um bacalhau, se voltar....



Ainda gozou com as vestimentas, como se fosse muito importante, o safado do cachorro!


Se calhar devia ir ter com ele. Que faria um louco sem outro porventura pior?
BOAS FERIAS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 13 de julho de 2016

EU VIM DE LONGE...

EU VIM DE LONGE...


Surgimos das sombras escuras como seculos atras.
Fidalgos bravos, famintos de gloria, desbravando o impossivel para os outros, sem claudicar e cantando que: 


"Eu vim de longe
de muito longe

o que eu andei p'ra'qui chegar
Eu vou p'ra longe
p'ra muito longe
onde nos vamos encontrar
com o que temos p'ra nos dar".



É uma casa portuguesa com certeza!
É com certeza,uma casa portuguesa!

OBRIGADO, MEU PORTUGAL!

domingo, 26 de junho de 2016

TOQUE A FINADOS...

Jamais algum dia pensei que um sino tocasse a dobrados por si proprio, num chorar para dentro, logo ele, o sino da minha aldeia .
Vetusto, badalou alegrias em bodas, alarmes nos fogos e tristezas nos enterros.
Como era bonito o seu eco pelas quebradas que se desfaziam de forma sublime e aos poucos pelas serranias alcantiladas...

Um relogio do tempo para os lavradores e resineiros, uma companhia que media a curta distancia da aldeia, apesar de longa e dolorosa.
Nos domingos e dias festivos, as pessoas corriam desenfreadas nos preparos das vestimentas em conformidade com os toques das entradas para chegarem a tempo, pois tal mal pareceria...
Os tempos  agora, esqueceram os outros tempos e os padres aparecem quando podem, coitados e a horas escolhidas. Disso eles sabem, mas o sacristao que ajudava a missa e tal acolitava, saiu de cena.
Agora o sino por enquanto imponente, espera que o caruncho o leve de badalo solitario para o cemiterio.
E o meu Farrusco que uivava ao toque para a missa e trindades, anda cabisbaixo tal como eu.
Nada como dantes...

sábado, 4 de junho de 2016

VAMOS ROUBAR CEREJAS, FARRUSCO?

Que ano mais estranho!
Chuva, frio e um Deus nos acuda, clamam em penitencia por algo entranhado nas suas almas, as gentes da minha terra.
No Maio, era por tradicao os garotos irem tais como pardalitos, invadir as cerejeiras e as engolir 
mesmo com carocos, nao fosse o dono aparecer, a gente, nos, cortavamos umas pernadas, faziamos cahos em ramos, encavalitados no tronco armadilhado com silvas para nos assustar, mas depois dos bolsos enchidos, abalavamos no gozo supremo.

Sempre comigo o amigo e companheiro Farrusco, Triste por nao ouvir falar de cerejeiras carregadas e pior aquando soube que apenas tinham folhas e foi esmorecendo. Um ano sem aventura e penso eu, entrou em depressao, tal como eu para tal me via a caminhar e os da idade.
Mas, uma semana passada, o tempo veio escaldante e arrepiamos, quase um milagre, ate o cuco cantava mais vezes e alto. Algo se passou com o canito, se calhar destranbolhou.
Desapareceu nesse dia inteiro, porventura nos seus devaneios, tal pensei, pois ele gostava de meditar acerca da vida e chegou suado, mas feliz.
Gozou folgado da vida e mereceu por tal uma mangueirada para o aquietar e ouvir...


Malandro, vim a perceber depois quando me levou ferrado pelos fundilhos da calca, de modo discreto, convenhamos, para o lugar dos Carregais.
Do meu avo paterno herdei o nome de Francisco que abominava que nos tratassem por Chico, dizia que este era o diabo, mas fosse ou nao, aquela cerejeira, encostada a uma figueira de figo preto, havia escapado a esta calamidade e o Farrusco, sabio, a encontrou.
Trepei por ela acima e foi um fartote para gaudio do meu companheiro, mas eis senao quando...
Mais esperto que os dois, aparace o meu avo, danadinho para uma valente tareira que remediasse a coisa.
O fim do mundo, pensei, pior quando vejo o Farrusco escondido por detras de um pinheiro. Aqui morro, tal pensei e por tal maldita cerejeira a bical, me encomendei ao meu destino final e de olhos fechados me rendi...

"As cerejas do Chico Balas
Comem se duas a duas
As que estao na barriga sao minhas
As da cerdeira sao suas".

Fui salvo pelo escarnio, mas se apanho o cobarde do Farrusco...

sexta-feira, 13 de maio de 2016

ERA SEXTA FEIRA, 13...


Queres ouvir, Farrusco, andamos ambos cansados, mas tu ouves e ladras e eu escrevo, foi o combinado! Pelo rosnat, depreendo que nao. Paramos um pouco por nao encontrar assentos nem ponto e virgulas nesta engenhoca e remansar. Tem calma que o vazio da barriga nao rebenta e aguenta.
Este companheiro tem a virtude do azar da vida dele, me guardar!
Jamais saberei porque, apesar da meiguice dos seus olhos, melosos e nos seus sofridos, alegres, saltitantes. Amigo puro.
Aquando calha, falamos a mesma lingua silenciosa, palavras atrapalham...
Ele, O Farrusco, conta as suas glorias engolindo algumas tristezas no seu focinho cerrado.
Tal como o meu, pois todos temos focinho. E pede para contar...ele gosta que lhe conte coisas... do dia das feiticeiras, a sexta das bruxas, dia 13.
 Desde miudo, ele contava comigo para o ter alerta, coisas ditas ou ditadas sobre ruas ou pessoas na aldeia.
Depois fui para outras paragens mais distantes com o Farrusco presente, levando comigo essas lembrancas, mas sem tais me inquietarem. Ate um dia!
Andava o meu filho no ciclo e necessitava para o exame de um determinado material escolar.
Pertinho tinha um centro comercial quase a fechar, mas bastava pegar no carro, dava tempo e por tal havia que nao perder tempo.
Ao sair de casa por mero acaso, atravessa na minha frente um gato cinzento, ou pardo pois era noite.
Nem liguei, mas mais na frente, saindo de entre umas barracas de madeira, um estrondo de dois olhos reluzentes que se atravessaram frente ao carro e pum!
Um gato preto morto numa sexta feira 13.
Fui buscar o material escolar e na volta ainda ali estava, esparramado e eu transpirado ate bater a meia noite
E o Farrusco ri, contente por nao ser gato nem ter carta de conducao.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

25 de Abril. O que eu andei para aqui chegar...

Perto o dia que secou lagrimas de horror.
Perto o dia de feridas abertas.
Que teimam em nao secar.
Perto o dia  das varandas
Em cravos floridas
Que muitos recusam olhar.
Perto o dia em que se sente a dor
De filhos que nao viram pais
Perto o dia  em que mais uma vez
Na liberdade que encanta
Saudamos a liberdade
O infortunio e a dor
Mas do cravo vem o odor
De quem quer sempre alcanca. 

O 51.
Amigo Agostinho Carau.
Roto na guerra, mas forte na coragem tal como muitos da minha terra que em tal morreram, .Aqui  o trago como exemplo dos que foram mandados para a 'maldita'.
E os saudo a todos num modesto bem hajam. 



Foram estas gentes  que ajudaram a chegar aqui.



  • 25 DE ABRIL, SEMPRE. VIVA A LIBERDADE!

segunda-feira, 11 de abril de 2016

AINDA ME LEMBRO DO CICLO DA NATUREZA


Este "Rei", fotografei num certame junto da minha aldeia e trouxe recordacoes...


De outros tempo e do que vai restando de real e tantas estorias contadas, quase esquecidas.
Contos infidaveis, por vezes ensombrados de medos e muitos lobos...


O dever...


Ainda  bem que a memoria continua presa  nestas raridades, minguadas de abundacia, mas no pouco que vai restando, quase que parecem mais belas, um tesouro a guardar.


quarta-feira, 30 de março de 2016

MANIAS DA VELHA...

De minha senhora mae, que por vezes se aborrece aquando a gente se alheia dos seus contos narrativos, pela teimosia da fala que nao cala. Uma matraca, exigente e singela.
Um amor...
Lembras, lembras e lembras...
Fulano matou cicrano, por causa do regadio...
Lembra e obriga a lembrar, a mim, o dia em que um raio quase nos matou, cinquenta anos atras...


Tinha sete anitos. Por defronte da casa virada para lameiros e serranias, estava uma oliveira, esta!
Raio do raio que a esgachou de alto a baixo e provocou um incendio medonho.
Acudiu o povo ao toque dos sinos.
Dizia a tradicao que passados tantos anos, o raio viria para a superficie sob a forma de uma relha de um arado...
Gosto de me embalar nestes nossos misterios, por ambos.
Nas manias da minha "velha" em busca da relha de um raio e por tal ali andei no dia seguinte ao Domingo de Ramos, a sachar.  

terça-feira, 8 de março de 2016

O CHORO DO LOBO

Ouvia, amedrontado varios anos atras pelo que deles contavam, uns assassinos, mas nunca em tais vislumbrei lagrimas. Era por norma escuro e se tais tinham, tais guardavam. Porventura no momento em que os nossos  se acomodavam em suas casas, depois de recolhido e ordenhado o rebanho. Porventura fraco, melhor, mais remediado que o deles que os rebanhos eram escassos e cada vez mais mal nutridos.
Afinal e por tal, a coisa estava equilibrada, se a presa rareava, o predador ia morrendo de fome...   


As alcateias famintas, tais como regimentos sem comandante, deambulavam ao Deus Dara, cada qual por si.
Mesmo depois de parirem e os seus machos em procura de alimentos tardarem a regressar, coisa que muitos nao conseguiam, subiam ao ponto mais alto das penedias alcantiladas e mesmo fracas, faziam ecoar pelas fragas mais reconditas, o seu choro lancinante.
O apelo em gesto de despedida, pois ao longe os montes fumegavam pelo abrasar dos incendios. Aquele maldito temor que os podia encurralar e aos que nele estavam envolvidos.
Afinal todas as partes...
Anos depois, mal  deles se ouvia falar, como que lembrados na saudade, ate que recentemente e depois do nobre trabalho de instituicoes, tal como A Lobo, na sua  reintroducao no seu habitat natural, volta a ser abominavel e mal vindo por dizimar rebanhos, escassos como eles...
Talvez e por tal, o Lobo continue a chorar, ate estar extinto!

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Tobias, irmao do Miseravel

O Farrusco ainda faz das dele, o Miseravel mal se arrasta e as filhas, bonitas e caprichosas, migraram  para as bandas de Castendo sendo agora cadelas vedetas da noite. Diz diz ele que o envergonham na sua e em parte, nobre linhagem castelhana. Devaneios vividos em terra de "Nuestros hermanos", penso eu agora que o vou conhecendo e por de mim precisar, se solta de lingua de fora, escorrendo avidamente por uma guloseima a que nao resisto em dar. Adora os coiros do presunto que degusta a compasso do fumar do meu cigarro, calados ambos sob o alpendre.
E assim ficamos perdidos no tempo fresco, ainda, pois a Pascoa este ano vem cedo.
Sinto que quer falar, eu ansioso por o ouvir, pois no seu olhar toldado em final do dia, sentia em mim um estranho frenesim, uma especie de algo ruim que iria ser ladrado, afinal ele nao andava bem, como que se queria despedir do mundo, mas com remorsos de algo. Olhou para mim com aquela languidez de culpa e uma lagrima mal escondida que lhe molhava os bigodes sacudidos e contou...   

Tobias

Correu muita agua sob as pontes e por tal tantos anos que talvez nem recordes o dia em que um senhor parou o carro de bois por debaixo da casa dos teus pais e te perguntou se querias um cachorrito que tinha encontrado. Andava perdido nas matas e eram na altura tantos os pastores e gados, fosse alguem saber de quem seria, alem do mais era um milagre estar vivo, pois os lobos andavam esfomeados Talvez nao te lembres, devias ter pela altura meia duzia de anitos e o cao gostou de ti e era um regalo ver a brincadeira entre ambos. Eu ainda andava por aqui na nossa casa, embora jovem, mais velho que o cachorro, sentia por ele uma coisa especial, porventura por tambem ter sido acolhido. Na semana seguinte, vesperas da pascoa, o forno dos teus pais coziam biscoitos e bolos de azeite, uma azafama. O calor que emanava, aliada aos cheiros, eram do melhor do mundo, sendo que volta e meia atiravam os restos dos petiscos de carne. Boa gente que partilhava o que tinha.

Haviam enfeitado a entrada da casa, o patio com lirios e alecrim pois no dia seguinte, Pascoa, haveria a visita pascal e tudo devia estar a preceito. Trabalho feito e manjares arrecadados, as pessoas foram para casa. Tu, cao  pequenote, estavas encavalitado em cima do muro, assustado pelos barulhos da despedida  e eu junto ao calor do forno aquando fecharam as porteiras. Eu dentro e tu fora ao frio, podia ter ladrado para repararem em ti, mas ainda hoje nao percebo...".
Ainda antes do Miseravel isto me contar, havia a suspeita de serem irmaos, o que se veio a confirmar. Sinto a sua dor, como se fosse minha, pois na manha seguinte quando me levantei, o Tobias havia desaparecido. Gritei ate o tio Esmael me dizer que havia visto dois lobos a arrastar o cachorro, ainda de madrugada. Mais tarde o tio Domingos vindo de ordenhar as ovelhas confirmou os seus restos.
Vida de cao!     

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Por onde andam os meus primos...

Uma bolsa cheia deles, melhor, delas antes que deles.
A voragem era acertiva, levava quem mais queria.
Sem sequer maligna, dava azo na despedida e quem tal compreendia.
O ir!
Havia necessidade...


Hoje, no requebro de uma cantaria na casa dos nossos avos, sai o suspiro de enquanto garotos  e nas malandrices de outrora, era o inferno . O nosso e de muitos que nos invejavam por tao unidos.
Uma primada que fazia juz aos seus...que agarrava  um arado como gente adulta, que insultava em defesa qualquer filho da puta que nos tirasse do serio..
Agora, vou sabendo parcas noticias das minhas gentes.
Americas e mais ...
Por tal este meu devaneio pois creio...
Que se a gente se juntasse, os primos que sao infinitos, uns duzentos penso eu, seria uma festa bonita, cada qual contar o que provia, num dia e no regressar a casa, pensar...
Mas por onde andam eles?
 

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

No olho da chamine...

Agora a nossa chamine de memorias...
Remansada  e revolta no mesmo turbilhao de alegrias e martirios, mas bastiao que olha os lameiros, qual farol que guarda historias. 



Lembro...
O ano que comecava no inverno, caustico e medonho em que o meu pai se subocava pelo rilhar dos dentes dos lobos famintos atraidos pelos cheiro do porco matado e depois desmanchado e pronto para a salgadeira.
Na Primavera, o chiar dos carros das vacas e o cheiro do estrume, que na parte por detras, carregava as merendas, pois o dia ia ser longo. Tempos de sementeiras, da batata.
No verao, o mais bonito, casado quase com o outono, este mesmo que vaidoso por entre as datas de festividades e vaidades. E fertilidades...
E voltamos ao inferno, que inferno!
Assim se passou um ano.

domingo, 3 de janeiro de 2016

Nem era para postar nada...


Mas quem resiste a castelos, ainda por cima no ar...


Repito, nem era para postar nada. menos a ti que nunca vi .
Falaste em castelos no ar. Percebi a tua coragem e penso que dos poucos que me irao ler me compreendem. Luta e por tal trago a foto das rochas da minha terra e de minha mulher, que por ela lutamos. Tens o nome...Pedra!
Sendo os Reis ricos, aproveito e que eles carreguem benesses para todos...
Bonito post este.. (falta um ponto) , pronto...
Falo de quem, perguntam?
De um amigo, porventura dos mais transparentes de Espanha na sua coragem, de um amigo. Repito.
Falo de todos voces, no bliog dos forninhenses, falo de gentes de bem.
Falo de trapos roidos em lagrimas
Despejadas.
Um dia ainda me matam...