quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

FELICIDADE


Os meus votos sinceros para amigos e .... menos amigos.
Muitas mãos dadas com afecto, conseguem abraçar o mundo e aquecer o coração mais frio que exista, por tal guardemos de ano para ano, um bocadinho de bondade.
É grátis!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Conto de Natal

Eram as prendas mais lindas.
A mae dos nossos pais, enlevada, contava "aquelas " coisas que nos sustinham o respirar, de modo tao candido e sereno, falando do Menino.
"Conta avo, se os Reis levaram tanta coisa, Ele depois ficou rico!".


Eram as prendas mais lindas no canto da cozinha. A avo pouco se sustinha nas pernas, talvez pelo peso da sabedoria, mas matriarca, tinha os netos como Reis Magos que no atentamento lhe traziam o ouro, incenso e mirra no modo como escutavam  "rendidos".
O ambiente perfeito, indiferente aquele rebulico de tachos e panelas. Tinham por tecto o canico dos enchidos, secando lenta, lentamente na moderada fogueira a que nos fomos habituando sem desmesuras. Quentes, sim, as palavras da avo. Como podia saber tanta coisa mesmo sendo tao velhinha, se calhar era tambem a avo de Maria, mae de Jesus.. Se calhar eramos primos...
E depois da ceia, enrolados nas mantas, vinha a pergunta, se calhar somos mesmo primos, ate se sente o cheiro das vacas por debaixo do quarto. Querem ver que somos...
Nao havia presepio em casa, apenas as peugas novos ou remendadas junto a chamine e ...
No dia seguinte, mais dos mesmo, extraordinario, uma laranja, figos secos e dois rebucados...
Tinha vindo o Pai Natal...
Foste tu Avo!

Feliz Natal.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Que geada, valha Deus...

Discurso directo enquanto arde uma cavaca na fogueira e ela, a geada "cai"  nos campos e serranias...


- Boa noite!
- Santas, que queres tu magarefe a estas horas, coisa boa nao deve ser...
- Era para perguntar da geada, aqui faz frio, mas...
- Tens saudades de acordar  e chegar na varanda quando acordas e ver os lameiros todos branquinhos, mas nao te apoquentes que agora no Natal vais ver muita e quem sabe a neve, esta um frio de rachar.
Ainda agora vim de dar de comer as galinhas e "arre que diabo", esta a "cair" uma geada daquelas de ficar meio dia na cama, sempre se poupa lenha e as pernas vao pedindo descanso...
- Cair nao, que ela nao cai, digo...
- Nos teus ossos que andas longe, Afinal nao aprendes.Ora ouve, a orvalhada com o frio de agora que nos tolhe todinhas, coalha, tal como o leite para o queijo.
Vos pouco sabeis daqueles tempos,  embora saiba que te lembras de alguma coisa ou outra, eram outros tempos, como aqueles em que o tio Bombo vinha a Forninhos buscar sacos de centeio para moer e trazia a farinha de volta, mas por altura da matacao dos porcos e Natal, quem podia e tinha  semeado algum alqueire de trigo, ficava a espera que ele trouxesse moido para as morcelas e sopa daquele dia. Por vezes nao podia vir se a neve o impedisse, mas com a geada e quando o sol abria, dizem que se agarrava ao rabo do cavalo ou mula e escorregava por ali abaixo, ate ao destino. Boas patas tinham os animais e era assim dia e noite. A vida era dura! Bom homem que Deus ja tem...
E ja agora deixa que te diga, seculo e meio atras, ou mais, e tal como as outras e outros, iamos ceifar erva para o gado nos lameiros, no meu caso na Courela das Regadas, de foice na mao e agua pelos joelhos nos sitios onde a geada nao cobria a erva, descalcas!
Mas ruim, aquela chamada de "Negra", mais tardia e que nos mata os rebentos e os frutos, vadia e maldita. Tanta coisa podia contar mas...
Agora e tudo uma America!
Sabes, parece que falar do frio me puxa mais uma cavaca para o lume e sabe bem,
Esta a "cair" uma geada...

domingo, 7 de dezembro de 2014

Parabens, presidente!

Um grande bem haja pelo seu grande contributo pela liberdade e que no dia em que completa 90 anos, nem a idade consegue calar.


 

Socialista, Republicano e laico.

Lutar corajoso de dimensao mundial e tal como Nelson Mandela, de vida norteada "A luta e a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade ate ao fim dos meus dias.".

Que conte muitos... 

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Vamos aos musgos!

Mal a malvada da mestre escola gritava em histeria "meninos, nao esquecam os deveres para amanha", como se nao fossemos sabidos  das nossas obrigacoes e num esgar de ironia, alguns com gestos menos proprios, ala que se faz tarde!
Logo, logo estava o Natal e o presepio nao esperava.
Primeiro os musgos...


Maneira simples de regressar ao espirito do "Nascendo".
Talvez por cheirar a Natal, sim que na altura era apenas a quadra e o que tal envolvia, sendo que nao era pouco. A ansiedade de uma camisola nova ou umas meias, quando nao umas botas compradas a "olho" na Feira Nova. O ano tinha sido de remendos!
Desse pouco (muito em magia), vinha a feitura do presepio, parco em adornos, ate porque as figuras biblicas da burrinha e da vaquinha, moravam vivas na loja por debaixo da casa e contribuiam com o seu cheiro natural e quentura.
Livres da escola, era ver a nossa correria para as matas, pois as nossas maes complacentes, aguardavam que os caldeiros e cestas viessem com os melhores musgos, mais verdes sem se partirem, o pinheirinho do bravo que eram uma praga de abundancia (lindos na altura), pinhas meias abertas, sem bicho e pedrinhas de seixo, reluzentes que feriam a vista. Ah! e a caruma...
Tal como na foto que "roubei", era nestes calhaus de granito que se apanhavam os melhores, virados ao sol para a serra de S. Pedro, mais bonitos e que aguentavam mais tempo em casa no presepio feito junta a uma janela ou sacada, quem tal tivesse.
Um regalo montar o presepio modesto, o pinheirinho nevado de bocaditos de algodao, figuras feitas manualmente e outras a imitar, ate um simples berlinde dava magia na falta das luzinhas electricas pois rara era a casa que tinha electricidade, quanto mais...
A mae ajudava. No dia 8 de Dezembro ja tinha metido num pucara as sementes de trigo a germinar, as "sementinhas do Menino" que iriam ladear as pedras e terra colhida em direccao a manjedoura.
E enquanto nao chegavao o Dia, uma carta de Africa, America ou Brasil, dos entes queridos ausentes, ia enfeitando a pequena arvore, tornando mais doce a festividade.
Era tao lindo e puro...