sexta-feira, 13 de maio de 2016

ERA SEXTA FEIRA, 13...


Queres ouvir, Farrusco, andamos ambos cansados, mas tu ouves e ladras e eu escrevo, foi o combinado! Pelo rosnat, depreendo que nao. Paramos um pouco por nao encontrar assentos nem ponto e virgulas nesta engenhoca e remansar. Tem calma que o vazio da barriga nao rebenta e aguenta.
Este companheiro tem a virtude do azar da vida dele, me guardar!
Jamais saberei porque, apesar da meiguice dos seus olhos, melosos e nos seus sofridos, alegres, saltitantes. Amigo puro.
Aquando calha, falamos a mesma lingua silenciosa, palavras atrapalham...
Ele, O Farrusco, conta as suas glorias engolindo algumas tristezas no seu focinho cerrado.
Tal como o meu, pois todos temos focinho. E pede para contar...ele gosta que lhe conte coisas... do dia das feiticeiras, a sexta das bruxas, dia 13.
 Desde miudo, ele contava comigo para o ter alerta, coisas ditas ou ditadas sobre ruas ou pessoas na aldeia.
Depois fui para outras paragens mais distantes com o Farrusco presente, levando comigo essas lembrancas, mas sem tais me inquietarem. Ate um dia!
Andava o meu filho no ciclo e necessitava para o exame de um determinado material escolar.
Pertinho tinha um centro comercial quase a fechar, mas bastava pegar no carro, dava tempo e por tal havia que nao perder tempo.
Ao sair de casa por mero acaso, atravessa na minha frente um gato cinzento, ou pardo pois era noite.
Nem liguei, mas mais na frente, saindo de entre umas barracas de madeira, um estrondo de dois olhos reluzentes que se atravessaram frente ao carro e pum!
Um gato preto morto numa sexta feira 13.
Fui buscar o material escolar e na volta ainda ali estava, esparramado e eu transpirado ate bater a meia noite
E o Farrusco ri, contente por nao ser gato nem ter carta de conducao.